Indicador do etanol sobe pela 8ª semana seguida em São Paulo enquanto açúcar recua e volta a R$107 a saca — entenda causas e impactos

Cepea/Esalq aponta avanço dos preços do etanol com menor oferta e demanda aquecida; açúcar recua por estratégia de vendas e custo de estoques

O preço do etanol hidratado no mercado spot do estado de São Paulo segue em alta desde meados de outubro. Na semana de 1º a 5 de dezembro, o Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado fechou em R$ 2,8853 por litro (valor líquido de ICMS e PIS/Cofins), alta de 0,7% em relação à semana anterior — a oitava semana consecutiva de avanço. O etanol anidro também subiu, com o Indicador Cepea/Esalq a R$ 3,3128 por litro (valor líquido de impostos, sem PIS/Cofins), aumento de 0,38% no mesmo período.

Por que o etanol está em alta

Pesquisadores do Cepea atribuem a tendência de alta a dois fatores principais: oferta menor e demanda aquecida. A redução da oferta decorre do avanço do término da moagem na temporada 2025/26 na região Centro-Sul. Segundo levantamento da Unica, 120 usinas já encerraram as atividades de moagem nesta safra, contra 70 no mesmo período do ano passado — número que reduz a disponibilidade imediata do biocombustível no mercado.

Por que o açúcar recuou mesmo com mais liquidez

Em contraste, os preços do açúcar cristal branco (cor Icumsa de 130 a 180) recuaram no início de dezembro. Na parcial do mês até 5 de dezembro, o Indicador Cepea/Esalq registrou baixa de 1%, retornando à casa dos R$ 107 por saca de 50 kg. Apesar de uma maior atividade no mercado spot paulista — com a indústria antecipando compras para as festas de fim de ano — a pressão vendedora prevaleceu.

Produtores e atacadistas têm mostrado baixo apetite para manter estoques elevados durante a entressafra. Em um cenário de juros altos, o custo de carregamento de estoques torna-se proibitivo, incentivando vendas antecipadas mesmo a preços menores. Além disso, a presença de compradores negociando firmemente contribuiu para a queda dos valores.

Impactos no mercado e nos consumidores

Para distribuidoras e postos, a alta do etanol pode pressionar os preços nas bombas se a tendência de oferta restrita persistir. No caso do açúcar, a retração dos preços pode aliviar custos para indústrias de alimentos e para consumidores finais no curto prazo, embora a volatilidade persista enquanto durarem as estratégias de desova de estoques pelas usinas.

Perspectivas

Analistas do Cepea monitoram a evolução da moagem nas próximas semanas e a reação da demanda — especialmente do setor automotivo e de distribuidoras — para avaliar se a alta do etanol continuará. Para o açúcar, a manutenção de preços mais baixos dependerá do equilíbrio entre oferta disponível e a disposição de produtores em reter estoques apesar dos custos financeiros.

Reportagem sob supervisão de Luis Roberto Toledo.

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